sexta-feira, 29 de agosto de 2014

olar

Se você odeia o serviço público, você não odeia tanto quanto quem trabalha nele. Aquele ódio raiz de quem vê de dentro, além de ser usuário desse sistema difícil.

Pra economizar na terapia e mostrar que pode ser pior do que você imagina, tô aqui pra dividir momentos maravilhosos que só quem tem um cargo público é capaz de passar.

Por exemplo.

O serviço público é o único em que o cargo de ~secretário~ tem algum prestígio. Obviamente é chamado de secretáriO e não secretáriA, porque é muito mais rico e geralmente ocupado por homens. E nenhum deles ganha presente no dia 30 de setembro, 01 pena.

Pois a função de secretário (ainda que exercida por mulheres) é disputada a tapa, com muito pouca finesse. Até porque ela vem acoplada de uma gratificaçãozinha no salário, dinheiro a mais, quem não quer?

Ocorre que a função de secretário, ainda que prestigiosa e gratificada é aquela coisa de sempre: atende telefone, marca compromisso na agenda, serve café. Ou seja, a mesma coisa de sempre, só que com muito mais pedância.

Aí a gente tava numa reunião inútil (pleonasmo), em que se discutia a falta de pessoal (falta mais gente PRA TRABALHAR que gente EM SI, na verdade), quando um gênio, jurando que tava defendendo os fracos e oprimidos, diz a seguinte pérola de sabedoria:

- o secretário anda tão atarefado que tem até que atender o telefone!!1111

Nesse momento eu lembro que quem faz o trabalho todo sou eu, além de atender o meu próprio telefone pra explicar que ele não atende o dele por razões que apenas ele e o defensor de fracos e oprimidos entendem.

Como eu sempre digo: serviço público - ruim pra quem tá fora, pior pra quem tá dentro.