sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Minha cadeira quebrou um mês atrás. Sentei, encostei e fui virando lentamente pra trás até ficar na horizontal (não caí, olha que vitória) e nunca mais poderia usar o encosto. Me desesperei, porque se já estava com aquela cadeira fazia cinco anos, era porque trocar não é fácil. Dei sorte porque estamos no último trimestre, também conhecido como: o desespero pra gastar a verba que ficaram regulando.

Em menos de meia hora depois que minha cadeira quebrou, eu tinha aprovação do chefe pra uso da verba, inclusão de pedido no pregão, pedido aceito, pedido despachado e prazo de entrega de 25 dias.

Pra minha maior sorte ainda, eu estava saindo de férias no dia seguinte, o que queria dizer que minha cadeira chegaria logo depois que eu voltasse. Aleluia.

Saí de férias, esqueci que este lugar existia, voltei de férias, levei 3 dias até conseguir sentar direito na cadeira, encostar e fuonnnnnn, quase cair de novo, porque eu esqueci que tava quebrada. Ontem, uma quinta-feira, umas 15h. Lembrei que a cadeira nova deveria estar chegando e apenas torci em silêncio pra que não demorasse.

Faltando 5 minutos pra 17h, comecei a fechar e guardar tudo, porque tinha que sair na hora exata, por causa de um compromisso. Toca o telefone e é a pessoa das compras avisando que minha cadeira chegou.

- brigada, amanhã cedinho eu pego.
- você não pode pegar agora?
- faz diferença pegar agora?
- faz, porque você assina o recebimento.

Nunca na minha vida eu tive que assinar o recebimento de nada, não tá em nenhuma das cem milhões de regras da burocracia que eu tenho que assinar entregas. Aliás, quem assina é o lugar responsável pela compra, eu assino um termo de compromisso e responsabilidade pelo patrimônio. Mas a fia insistiu.

- tá, mas além do meu nome na nota, que diferença faz?
- o moço te ensina a ajustar a cadeira.

Fui, porque achei que tinha vindo uma cadeira da NASA, com com sinto de segurança, propulsor, cafeteira, massageador. Só assim pra pessoa com dois neurônios precisar de instruções pra usar uma cadeira, né?

A cadeira era normalíssima e qualquer chita treinada usa sem grandes problemas.

Assinei os papéis que eu tinha e que não tinha que assinar, ajustei a regulagem sob supervisão do tio, acabei tudo que tinha pra fazer e perguntei:

- qual é o destino da cadeira velha?
- não sei.

Essa é uma pergunta muito importante, porque as coisas aqui ficam nos nossos nomes, se elas somem a gente tem que pagar. Então tem procedimentos burocráticos (cê jura) pra descarte ou só pra passar pra frente mesmo. Mas tem vias legais pra fazer isso, documentos, mil coisas. Que quem tem que fazer é esse povo do patrimônio, não eu. Eu só tenho que assinar o papel dizendo que é verdade. Mas a infeliz vira e diz que NÃO.SABE., então não sou eu que vou saber.

- vou deixar no anexo da minha sala guardada, então.

A pessoa se altera.

- NÃO PODE, TEM QUE MANDAR PRO DEPÓSITO E...
- ué.
- TEM REGRA, NÃO PODE LARGAR LÁ DUAS CADEIRAS NO SEU NOME E...
- UÉ.
- QUE FOI???????????
- eu acabei de perguntar o que tinha que fazer e você falou que não sabia, eu só ia guardar até você descobrir. 


E é com essa emanação de amor e competência aí que encerramos uma linda semana.


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